Seu filho passa muito tempo trancado no quarto e diante do computador? Jogos on-line, namoro, bate-papo, sexo virtual? Pode ser. Mas, cuidado, ele pode estar “dando um tapa” em alguma droga virtual.
“I-doser é um programa de computador que produz “doses” de ondas sonoras, que procura interferir nas ondas cerebrais do usuário, simulando o efeito de várias drogas reais em seres humanos.” (WikiPédia).
I DOSER são arquivos de áudio (MP3 ou similar), baixados de forma legal ou não, e que estão disponíveis em vários locais da web. A duração de cada arquivo pode variar entre 5 e 30 minutos, aproximadamente. Sua finalidade é a de enviar estímulos auditivos ao cérebro e, com isso, simular o efeito do uso de várias drogas, como álcool, maconha, cocaína, viágara e outras. Segundo os criadores do I DOSER, para que isso seja possível, o usuário deverá ouvir os arquivos de áudio em ambiente tranqüilo, com pouca luz, de olhos fechados ou assistindo algumas telas animadas propostas pelo site responsável pelo I Doser e, principalmente, utilizando fones estéreos de boa qualidade.
Até que ponto isso tudo é real ou apenas mais um embuste para se lucrar alguma coisa (ou muita coisa) na web? Segundo descrições de algumas pessoas (internautas) que já utilizaram o I DOSER, os efeitos são mirabolantes, chegando a induzir a pessoa a um estado de êxtase total. Alguns relatos absurdos, como o de um usuário que assistiu a morte de seu próprio cachorro, após fazê-lo ouvir um desses arquivos de áudio, correm soltos pelas comunidades da web.
Mas, mediante opiniões de especialistas, a coisa não é bem assim. "É impossível um som reproduzir o efeito químico de uma droga", afirma o psiquiatra Dartiu Xavier da Silveira, da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo). O psiquiatra aposta na “auto-sugestão”, ou seja, o usuário desses programas sente os efeitos porque quer acreditar nisso. Já para Erick Itakura, psicólogo e pesquisador do NPPI (Núcleo de Pesquisas em Psicologia e Informática) da PUC-SP, os riscos do uso do programa são baixos, não passando de uma lesão auditiva ocasionada pelo volume elevado do som ao se ouvir os arquivos.
Toda essa polêmica é relativamente antiga. O jornalista André Machado publicou no site do jornal O Globo, em 2008, um artigo onde ele descreve a experiência de uso, por ele próprio, durante uma hora e meia, de três desses arquivos. Segundo o jornalista, nenhuma reação ou alteração de seu estado normal foi sentida.
Porém, como tudo no mundo virtual é mutável em curtos espaços de tempos, a questão do I DOSER passou do estado de “mito” para “preocupação” novamente. A revista Super Interessante divulgou recentemente na internet, 06/08/2010, em seu blog Tendências, um artigo citando que “... a Secretaria de Narcóticos de Oklahoma, nos Estados Unidos, declarou, no mês passado, estar preocupada que o consumo dessas músicas leve os jovens a outros tipos de psicotrópicos.”.
Na internet, tudo se espalha de forma muito rápida. Caso isso tudo seja apenas uma farsa, acabou ganhando força junto aos jovens por se tratar de algo que se pensa nocivo, mas que, em contrapartida, pode provocar prazer. E, com a iminente preocupação e alerta de perigo por parte de alguns, acabou por acender a ânsia de se conhecer o tal objeto “perigoso”. Ou seja, uma campanha de marketing barata e eficiente.
Mas, cabe abrir os olhos para a eventualidade de ser algo realmente perigoso. Drogas são drogas, independente se palpáveis ou não. A internet, por si só, já é um apelo perigoso para aquele que não faz bom uso dela. Imagine, então, aliada a algo que possa “dopar” ou alienar ainda mais a cabeça dessas pessoas.
Fonte: recantodasletras.uol.com.br